sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Objectivos de Vida

"Não te deixes distrair com os incidentes que te chegam de fora! Reserva-te um tempo livre para aprender qualquer coisa de bom e deixa-te de flanar sem rumo! Já é tempo de te guardares doutra sorte de vagabundeio. Bem loucos, com efeito, são aqueles que, por serem topa-a-tudo, sentem o cansaço da vida e não têm um fim a que dirijam os seus esforços e, para o dizer de uma vez, as suas ideias."

Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'Pensamentos'


Hoje em dia, parece que toda a gente está correndo para algum lugar, lugar esse que de tão importante justifica que às vezes se atropele alguém no caminho... É um corre-corre todo o santo dia, em que nem a simples reflexão naquilo que se quer da vida às vezes tem lugar. Segundo as estatísticas apenas 7% da população tem metas ou objectivos de vida definidos!
A vida não é estática, está sempre em movimento, o tempo não pára, e se não tivermos um rumo na vida, é como se estivéssemos num barco à deriva. Muitas vezes as pessoas têm determinadas prioridades apenas porque são iguais ao resto das pessoas. E no final de contas, vêm depois a perceber que o mais importante não é aquilo pelo qual lutaram, mas aquilo a que não estavam atentas pois nunca tinham pensado muito no assunto. A maior parte das pessoas nem se conhecem a si mesmas (apesar de estar convencidíssimas que sim), quanto mais aquilo que pretendem da vida... Depois vem o desespero, a angústia e a desorientação total.
Assim, convido-vos a parar um pouco e reflectir nas seguintes questões: "Qual é o meu objectivo de vida?" e a responder também, se o desejarem, à sondagem que vos deixo aqui ao lado. É deveras importante que nesta reflexão nunca pensem automaticamente que algo é impossível de atingir. Recordo uma frase que um mestre um dia disse: "Não existem impossíveis, apenas impossibilitados". Se quiserem aprofundar um pouco este tema, ir mais além, e questionarem-se acerca do próprio sentido da vida, recomendo-vos este livro: "O Sentido Oculto da Vida" de Délia Steinberg Guzmán e Jorge Angel Livraga, Edições Nova Acrópole.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

O toque de Midas

Hoje vou partilhar convosco um texto que escrevi há alguns anos e que fui reler novamente para contemplar a minha própria evolução interior. Apesar de já não me reconhecer nestas palavras (pois não seremos hoje a mesma pessoa que amanhã, quanto mais daqui a uns anos - esperemos é que a mudança seja sempre para melhor), ainda assim considero que aquilo que quis transmitir é válido, e poderá ser útil a alguém que o leia. Basta um gesto, uma palavra, para fazermos alguém feliz. Aqui fica:


O Toque de Midas


Saímos, porta fora pela matina, com a noite mal dormida no corpo de quem tentou sossegar as angústias nas ilusões proporcionadas pelo ópio do mundo e deprimidos caminhamos em direcção à inevitabilidade da rotina e das invariantes obrigações sociais e mundanas. No caminho alguém nos grita, e com toda a injustiça do mundo, deposita na nossa figura toda a amargura de uma vida vazia sob o pretexto de um episódio de trânsito qualquer... Estacionamos. Vemos, mas ao olhar profundamente sobre o quadro que se nos pinta ao ritmo dos nossos passos na calçada, nos apercebemos do rebanho desconjuntado de seres que se atropelam em nome de uma existência cega e incompreendida. A corrupção destes seres está visível a olho nú, no entanto ninguém parece sensibilizado para a dimensão que já alcançou, tudo ganhou já um estatuto de normalidade, como se a doença tivesse que fazer da parte da vida, e nada pudéssemos fazer para a combater, impotentes, como se quando alguém morre na podridão de si próprio pudéssemos dizer "Enfim... é o mundo em que vivemos..." E sentimo-nos sós, diferentes, como se uma esfera de luz nos ampliasse a visão num mundo de cegos. A nossa sensibilidade à realidade oculta nos torna vítimas da crueldade desta selva.
Mas de repente! Sentimos algo diferente, algo semelhante! Deixamos de ver as feições das sombras de uma multidão enlameada e sentimos paz e uma atração no pensamento. Os nossos olhos vão de encontro à luz e a nossa voz interior diz bem baixinho: "Eis algo diferente e evoluído." Encontrámos uma esfera irmã. Uma só palavra, um só gesto, uma transferência de energia ao nosso ser que no cerne das sub-partículas mais pequenas se resume a isso mesmo: energia vivente. Alguém iluminado pelas verdades elementares olhou para nós e viu o nosso estado moribundo e altruísticamente decidiu dar. Aquele toque de Midas que nos dá novamente a vida, revela-se ser a nossa salvação, e nos erguemos, seguros de nós mesmos, cheios de uma felicidade interna que ninguém nota mas todos sentem, e se reflete no nosso rosto iluminado pelo Sol. E foi, para nunca mais voltar ou talvez não, e ficaram os frutos daquele gesto, e sempre que as nossas armas estiverem prestes a baixar, nos lembremos daquele pequeno toque que transportava toda a magia e fôlego do Universo. E quem sabe, se da próxima vez, o Midas não seremos nós...

Benditos aqueles que entendem as pequenas coisas que são a fundação da Vida e da natureza do Cosmos, pois esses serão os arquitectos do seu próprio Universo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A vaquinha


Um mestre de sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita. Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando ao sítio, constatou a pobreza do lugar: sem calçada, casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas... Então se aproximou do senhor, aparentemente o pai daquela família, e perguntou: "Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?" E o senhor calmamente respondeu: "Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros alimentícios e a outra parte nós produzimos queijo e coalhada para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo."
O sábio agradeceu pela informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou-se para o seu fiel discípulo e ordenou: "Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali à frente e empurre-a, jogue-a lá embaixo." O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem. Assim, empurrou a vaquinha precipício abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos, até que, um belo dia, ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar àquele mesmo lugar e contar tudo àquela família, pedir perdão e ajudá-los. E assim o fez. Quando se aproximava do local, avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado, imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sítio para sobreviver. Apertou o passo e, chegando lá, foi logo recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos. O caseiro respondeu: "Continuam morando aqui." Espantado, o discípulo entrou correndo na casa e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha): "Como o senhor melhorou este sítio e está tão bem de vida?" E o senhor, entusiasmado, respondeu: "Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante, tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que os seus olhos vislumbram agora!"


Que todos nós consigamos nos livrar de todas as "vaquinhas" da nossa vida.

Para rir um pouco

Nem tudo na vida baseia-se em reflexões filosóficas sérias, é preciso também saber rir com as coisas caricatas da vida, pois uma das características dos sábios é precisamente o bom humor! Então aqui fica o meu contributo para a vossa boa disposição de hoje:

PERGUNTA: Porque é que o frango atravessou a estrada?

RESPOSTAS :

PROFESSOR DA PRIMÁRIA
Porque queria ir para o outro lado.

PLATÃO
Porque ia em busca do bem.

ARISTÓTELES
Está na natureza dos frangos atravessar a estrada.

DESCARTES
Se o frango atravessa a estrada, logo existe.

MARX
Era uma inevitabilidade histórica.

MOISÉS
E Deus desceu dos céus e disse ao frango: "Atravessai a estrada!".
E o frango atravessou a estrada, e todos se regozijaram, e louvaram o Senhor.

BUDA
Estava à procura do Caminho do Meio, perdido nas brumas de Maya (a ilusão).

SADDAM HUSSEIN
O acção do frango constituiu a infame Mãe e Pai de todas as acções de espionagem! Mas o povo iraquiano ergueu-se em justa autodefesa e esmagou a força inimiga atingindo gloriosamente o frango com 50 toneladas de gás tóxico!

CAPITÃO KIRK
Para chegar ousadamente onde frango algum jamais chegou.

FREUD
A preocupação com o motivo que levou o frango a atravessar a estrada revela um recalcamento da líbido ao nível do subconsciente, possivelmente associado à insegurança sexual originada pelo receio de tendências homossexuais latentes.

DARWIN
Ao longo da evolução, a acção da selecção natural sobre os frangos favoreceu os mais aptos a atravessar a estrada, de forma que só esses sobreviveram.

EINSTEIN
Se o frango atravessou a estrada ou a se estrada se deslocou sob o frango depende do referencial estipulado pelo observador.

NEIL ARMSTRONG
Foi um pequeno passo para o frango mas um grande salto para os Galináceos.

MARTIN LUTHER KING
Tenho um sonho, em que um dia todos os frangos serão livres para atravessar a estrada sem que sejam questionados os seus motivos.

BILL GATES
A Microsoft acaba de lançar o Microsoft Frango 2008, que não só atravessa estradas, como também põe ovos, arquiva documentos importantes e faz contas.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Retorno

Faz algum tempo que não venho aqui escrever. Tirei umas "férias" forçadas e retornei agora para continuar a plasmar o que me vai na alma, no decorrer desta Senda. Quero deixar aqui um pequeno texto que recolhi e que achei muito interessante para todos os que buscam a sabedoria:

Certo dia um jovem foi visitar um sábio, a quem perguntou: "Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio?" O sábio não se dignou responder. Depois de repetir a pergunta certo número de vezes sem melhor resultado, o jovem foi embora, mas voltou no dia seguinte com a mesma pergunta. Não obtendo resposta ainda, voltou pela terceira vez e novamente fez a pergunta: "Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio?"
Finalmente o sábio deu-lhe ouvidos, e então desceu a um rio próximo. Entrou na água convidando o jovem e levando-o pela mão. Quando alcançaram certa profundidade o sábio, pondo todo seu peso sobre os ombros do rapaz, submergiu-o na água, apesar dos esforços que este fazia para livrar-se. Por fim o sábio largou-o, e quando o jovem recuperou alento perguntou-lhe:
"Meu filho, quando estavas debaixo de água o que mais desejavas?"
O jovem respondeu sem hesitar: "Ar, ar! eu queria ar!"
"Não terias antes preferido riquezas, prazeres, poder ou amor, meu filho? Não pensaste em nenhuma dessas coisas?" indagou o sábio.
"Não, senhor! Eu desejava ar, só pensava no ar que me faltava", foi a resposta imediata.
"Então", disse o sábio, "para te tornares sábio deves desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de tua vida qualquer outro objetivo. Essa e só essa deve ser, dia e noite, tua única aspiração. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente tornar-te-ás sábio."

terça-feira, 13 de maio de 2008

Filosofar é preciso

"Na juventude, não devemos hesitar em filosofar; na velhice, não devemos deixar de filosofar. Nunca é cedo nem tarde demais para cuidar da própria alma. Quem diz que não é ainda, ou já não é mais, tempo de filosofar, parece-se ao que diz que não é ainda, ou já não é mais, tempo de ser feliz. Jovens ou velhos, devemos sempre filosofar; no último caso, para rejuvenescermos ao contacto do bem, pela lembrança dos dias passados, e no primeiro, para sermos, embora jovens, tão firmes quanto um ancião diante do futuro. É mister, pois, estudar os meios de adquirir a felicidade; quando a temos, temos tudo; quando a não temos, fazemos tudo por adquiri-la."

Epicuro, in "A Conduta na Vida"

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os quatro elementos

Antes de mais, para tratar este assunto, reportemo-nos à Antiguidade Clássica e observemos a etimologia do termo "elemento". A palavra grega para elemento era stoicheion, o que significa literalmente letra (do alfabeto; a unidade básica através da qual uma palavra se forma), princípio, fundamento.
O macro e o microcosmos formaram-se através dos elementos. Os quatro elementos tiveram a sua origem a partir da quintessência, o princípio akáshico ou etérico, o elemento mais subtil de todos. Os quatro elementos são como quatro impulsos ou notas musicais fundamentais da nossa Natureza, dentro da tónica da Unidade Dinâmica que a caracteriza e permite que estas quatro modalidades se interpenetrem e sejam arquitectadas pelo plano divino que nos rege.
Todos os elementos não agem apenas no plano físico, mas em tudo o que foi criado. Cada elemento, possui duas polaridades, a activa e a passiva. A polaridade activa é a construtiva, criadora, geradora, enquanto que a passiva é a desagregadora, exterminadora.


O FOGO

Foi o primeiro elemento que surgiu do Akasha. As características básicas do princípio do fogo são o calor e a expansão; é por isso que no começo da criação tudo era fogo e luz. Naturalmente, a base da luz é o fogo. Na natureza o princípio do fogo na sua forma activa exerce seu efeito como princípio vitalizador, e na sua forma negativa como princípio destruidor e desagregador. Podemos relacionar o elemento fogo com o plano mental. O princípio do fogo está associado ao princípio masculino.

A ÁGUA

Em comparação com o fogo possui características totalmente opostas; as suas características básicas são o frio e a retracção. Aqui têm lugar dois pólos: o activo, que é construtivo, doador de vida, nutriente, solvente e preservador; e o negativo, igual ao do fogo, desagregador, fermentador, decompositor, dissipador. O princípio do fogo não poderia existir se não contivesse um pólo oposto, ou seja, o princípio da água. Estes dois elementos, fogo e água, são os elementos básicos com os quais tudo foi criado. O princípio da água relaciona-se com o plano energético ou prânico e relaciona-se com o princípio feminino.

O AR

O elemento ar está colocado numa posição intermediária entre princípio do fogo e o da água. Ele produz um equilíbrio neutro entre os efeitos activo e passivo do fogo e da água. Através dos efeitos alternados dos elementos activo e passivo do fogo e da água, toda a vida criada tornou-se movimento.
Em seu papel intermediário, o princípio aéreo assumiu do fogo a característica do calor, e da água a da humidade. Sem estas duas características a vida não seria possível; além disso elas conferem também ao princípio aéreo duas polaridades: no efeito positivo a da doação da vida, e no negativo, a exterminadora. O princípio aéreo relaciona-se com o plano psíquico ou astral.

A TERRA

Do efeito alternado dos três elementos anteriores, o elemento terra formou-se por último, pois através da sua característica específica, a solidificação ou coesão, ela integra em si todos os outros três, sendo por isso o elemento material mais denso. Foi justamente essa característica que conferiu uma forma concreta aos três elementos. Ao mesmo tempo, porém, foi introduzido um limite ao seu efeito, o que resultou na criação do espaço, da dimensão, do peso e do tempo. Em conjunto com a terra, o efeito recíproco dos outros três elementos tornou-se quadripolar. Como todos os elementos são activos no quarto elemento, da terra, toda a vida criada pode ser explicada. O princípio da terra relaciona-se com o aspecto físico e concreto.

Apontamentos baseados nos livros "Initiation into Hermetics" (Título original em inglês) de Franz Bardon e "Os espíritos da Natureza" de Jorge Angel Livraga.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Deus te livre, Poeta...


Deus te livre, poeta,
de verter no cálice do teu irmão
a mais pequena gota de amargura,
Deus te livre, poeta,
de interceptar sequer com a tua mão
a luz que o sol oferece a uma criatura.
Deus te livre, poeta,
de escrever uma estrofe que entristece;
de turvar com o teu cenho
e a tua lógica triste
a lógica divina de um sonho;
de obstruir a senda, a vereda
que percorra a mais humilde planta;
de quebrar a pobre folha que roda;
de entorpecer, nem com o mais suave
dos pesos, o ímpeto de uma ave
ou de um belo ideal que se levanta.
Tem, para todo o júbilo, o santo
sorriso acolhedor que o aprova:
por uma nota nova
em toda a voz que canta;
e tira, pelo menos,um pequeno espinho a cada prova
que torture os maus e os bons.

Amado Nervo, Março de 1916

O Caminho

"Não podes caminhar no Caminho enquanto não te tornares, tu próprio, esse Caminho"


Helena Petrovna Blavatsky em A voz do silêncio


Uma grande caminhada começa sempre com um pequeno passo


Todos nós algum dia nos questionámos de onde viemos e para onde vamos ou qual é o sentido da vida. Porque é que nascemos, porque que é que vivemos e porque é que havemos de morrer. Qualquer pessoa que medite sobre estes assuntos pressente, ainda que vagamente, que não somos fruto do acaso, e que algo há que nos impele todos os dias a levantar e a viver. Inúmeras civilizações se questionaram sobre o binómio vida-morte sem grandes traumas, conjugando-o como uma unidade vital sob dois aspectos. Vida e morte não eram mais do que dois lados da mesma moeda e ambas eram compreendidas e assumidas desde os primeiros anos com os primeiros ensinamentos. Tudo na Natureza é cíclico, tudo nasce, vive, morre e se renova. O fim não existe, apenas o retorno à origem. A semente que cai à terra, aparentemente morta, contém vida, que desponta no seu devido tempo. Essa vida cresce e manifesta-se até que é chegado o tempo em que recolhendo-se, morre, não antes de deixar novas sementes para que possa renascer... As estações continuamente se revezam, o sol nasce e põem-se sem cessar; tudo caminha inexoravelmente segundo leis naturais que podemos referir como o Dharma e o Karma.

Conceitos que Jorge Angel Livraga explica num trecho do livro "O Sentido Oculto da Vida":


"O Dharma é uma lei universal que conduz tudo até uma finalidade, um destino. É como um caminho (Sadhana) programado por Deus para todos. Aquele que tenta sair do Dharma é rejeitado dolorosamente, aquele que se ajusta ao Dharma não sofre. A possibilidade dos seres se desviarem é múltipla. No Homem, esta possibilidade é dada pelo seu relativo livre arbítrio. A Roda das Reencarnações (Samsara) proporciona-lhe a oportunidade de actuar, correcta ou incorrectamente; qualquer excesso, em ambas as direcções, gera Karma, «Acção», na qual as causas se unem inexoravelmente aos efeitos. As sementes kármicas (skandas) levam a novas reencarnações, as quais não terminam até que não se esgote o motor kármico. Então, atinge-se o Nirvana, que não é um verdadeiro fim, mas uma pausa no Caminho das Almas."


Assim, a senda ou caminho é o percurso de descoberta do nosso verdadeiro eu, a descoberta da nossa finalidade, o ajustarmo-nos ao "caminho do meio". É a busca continua da Verdade e da Perfeição, da iluminação espiritual ou união com o divino. O karma, tantas vezes visto como algo mau, não é mais do que um alerta, tal como os nossos sentidos nos fazem sentir dor ao aproximarmo-nos do fogo para que não nos destruamos. É um guia para que possamos reconhecer o caminho e mantermo-nos nele.


"Nosce te ipsum" (Conhece-te a ti mesmo)

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